quinta-feira, 18 de maio de 2017

Politica: "A corrupção atual e a transição espiritual"


O Brasil está sangrando, pelos violentos golpes de um sistema corrupto embrenhado nas instituições públicas, em todas as esferas do poder constitucional, pelos curativos mal feitos para "estancar a sangria", pelos levantes desordenados de setores particulares — sob o pretexto da "defesa do povo" — mas que camuflam interesses mesquinhos de certas classes em detrimento do bem comum da nação. Sofre também pela ignorância das massas, tão passiva de ser tangida, feito gado, de um lado para o outro, muitas vezes excitada por uma revolta revestida mais de mágoa e senso de vingança do que por consciência de justiça. Pobre Brasil!

A cada dia, a ação conjunta dos procuradores de Justiça com a Polícia Federal mais o Tribunal de Justiça do Paraná, chamada de Operação Lava Jato, revela o que há muito já era do nosso folclore popular: a podridão moral e a frequente conduta corrupta das maiores autoridades brasileiras. A cada ação, novas ocorrências e novos nomes envolvidos em atos ilícitos são revelados, mostrando o entrelaçamento de vários partidos políticos, empresas privadas e departamentos públicos numa rede de ladroagem.

O momento é dramático para o futuro de nossa nação e exige muito dos brasileiros, ocasião em que os "religiosos", através de seus valores espirituais, muito mais devem cuidar de sua postura ética e moral e assumir seus compromissos. Nesse quadro, mais do que quaisquer outros, os espíritas são convocados a desempenhar um importante papel, visando as melhores resoluções evolutivas para todos nós, uma vez que, como espíritas, desde que compreendam a essência do Espiritismo, são aqueles mais instruídos espiritualmente e, portanto, mais responsáveis pelo que se possa fazer, dentro das possibilidades de cada qual.

É necessário que venha o escândalo
Na fala atribuída a Jesus, em Mateus 18:7, "É necessário que venha o escândalo", vemos a expressão de que o escândalo é a podridão (já existente há muito, embora camuflada) precisa ser descoberta e causar espanto (para escandalize as consciências) e assim se permita uma contrarresposta positiva a fim de corrigir as más condutas, pois não nos esqueçamos do acréscimo àquela máxima do Cristo, que adverte em seguida: "Mas ai de quem cometer os escândalos!".

Nosso povo não está tão escandalizado justamente porque o senso popular já detinha a ideia de uma corrupção corrente no meio político. No fundo, o que nos vêm à cabeça é um mero "eu já sabia". Todavia, a exibição dramática das cenas criminosas (documentos, delações, gravações de áudio e vídeo etc.) incita as massas a formas variadas de protestos — mais ou menos conscientes e mais ou menos dentro da lei. As crônicas, chamadas jornalísticas e campanhas de mobilização popular (especialmente dentro das redes sociais) são normalmente apelos à indignação geral. Nesse cenário aquecido, o escândalo ganha proporções ainda mais perturbantes, porque, envolto do grito das massas, é comum o indivíduo perde o senso de suas atribuições pessoais e se apoiar na corrente que vai arrastando tudo pela frente, como uma avalanche. Nesses momentos tensos é que surgem os hábeis manipuladores, norteando a multidão cega de rancor em prol de seus propósitos próprios. É preciso ser muito forte para não ceder a essa torrente devastadora.

Momento de transições
O que estamos vivendo são tempos das mais intensas transformações, em todos os campos que envolvem a problemática humana. Tudo na Terra evolui, o tempo todo; mas o aceleramento das mudanças nos últimos tempos é flagrante e natural, dados os engenhos que favorecem a globalização — especialmente a comunicação instantânea via internet. De repente, tudo e todos são propositalmente misturados numa caldeira fervente, a título de cumprimento de um plano evolutivo em que experimentamos ao mesmo tempo os mecanismos das provas e expiações em vista de nosso curso evolutivo. Não há inocentes: somos todos credores e devedores uns dos outros e cá estamos, nessa fervura toda, para quebrarmos as resistências de nossas fraquezas ao mesmo passo que devemos provar os valores já adquiridos.



Eis, pois, uma oportunidade extraordinária para depurarmos nossas corrupções pessoais e trabalharmos nossas virtudes em prol do próximo e da nossa terra-mãe. Não há porque conservarmos mágoas contra os corruptos, nem fomentarmos intrigas e separações partidárias; devemos então tomar nossa indignação contra a corrupção em instrumentos de renovação moral e empregar nossos valores espirituais.

Postura espírita diante dos escândalos
Em qualquer escândalo e momentos de perturbação é comum a fomentação de sentimentos revoltosos. O espírito de ódio e vingança aí se apresenta com muita naturalidade e costuma arrastar a multidão, sob os pretextos dos mais variados. O desejo mais comum é o de provocar uma revolução, numa atitude abrupta — e não raro erigida sob o ânimo da violência. É, portanto, um momento delicado e exige muita disciplina moral.

Ao espírita cabe a consciência elementar de que nenhuma revolução é legal senão aquela levantada conforme os princípios da caridade e da sabedoria; também não se faz de fora para dentro: não há purificação da sociedade sem a reforma pessoal de cada um de seus sócios.

Logo, é preciso serenidade nesses tempos de tensão geral. Especialmente precisamos ter muita ponderação no ato de criticar, mesmo em se tratando dos mais infames corruptos, distinguindo a corrupção — que deve ser combatida com toda a força, mas sempre por meios legais — do agente corrupto e corruptor — que é um irmão infeliz momentaneamente caído na ilusão de um favorecimento material. Este, trata-se de um paciente, um enfermo de um mal psíquico-moral, passível de nossa comiseração, mesmo que ele não tenha se dado conta disso. Mas a verdade lhe será desvelada, certamente.

A Doutrina Espírita nos dá a seguridade de que a justiça divina é infalível. Por que então tanto ódio em nossa indignação? Onde está nossa confiança no acerto das coisas? Por que o bem-estar terreno dos corruptos enfurece tanto os cristãos? Isso não beira quase á inveja por essas "conquistas ilusórias e passageiras"?

Entretanto, isso não quer dizer que devemos ser passivos; no entanto, precisamos direcionar nossa indignação diante de todo esse lamaçal vergonhoso para ações concretas e positivas no sentido de melhorar nossa política nacional, a partir de nossa conscientização cidadã e melhoria pessoal.

A espiritualidade nos diz que a justiça divina se revela quando trazemos o "reino de Deus" para dentro de nós, ou seja, quando efetivamos em nós e em nosso meio os conceitos espirituais, a começar pelo conceito de honestidade — princípio básico para a justiça social. Deixemos de lado o "vitimismo", de supormos que somos inocentes e vítimas de uma corrupção vinda de fora e da qual nada tenho a ver com isso. Vejamos nosso estágio atual como sequência de infinitas existências, quando fomos todos mais ou menos tão corruptos quanto aqueles de que ora são acusados. Tenhamos consciência de que talvez, postos nas mesmas condições destes atuais corruptos, também nós seriamos tão mesquinhos — ou até mais que eles.

Nem Deus e tampouco os missionários da Luz virão fazer milagres e reformular magicamente nosso país e acabar com a corrupção. Essa é uma luta nossa, particular a cada um. Contudo, certamente a espiritualidade está a inspirar a todos para a concretização dessa lavagem geral, num esforço para fortalecer as instituições públicas e propiciar a reforma das leis anticorrupção. Agarremo-nos a esse amparo do alto, comprometamo-nos com a honestidade e demais valores espirituais, oremos pelo nosso Brasil e inspiremos a todos a nosso redor positivamente. Vale salientar ainda que TODOS os Espíritos encarnados neste momento crítico da História do Brasil estão comprometidos com as circunstâncias e cada um pode transformar-se num MISSIONÁRIO DA LUZ, dando sua contribuição para a reformulação de uma nova e saudável cultura política local. Desta maneira, aproveitemos essa oportunidade histórica e façamos a diferença nesse processo reformulador, marcando um grande passo em nosso progresso espiritual.

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