quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Violência: Vandalismo no túmulo de Chico Xavier


No último final de semana, tivemos a triste notícia de que, mais uma vez, o túmulo de Chico Xavier foi violentado (veja aqui a reportagem do TV Integração, afiliada da Globo em Minas Gerais).

Desta vez, o vidro que protege o busto do médium espírita foi atingindo e ficou trincado, evidenciando que fora fortemente alvejado. O estrago só não foi maior por se tratar de um vidro blindado — portanto, de grande resistência. No local, foram encontrados tijolos, que possivelmente foram usados para o ato. A primeira suspeita para a motivação do atentado é a intolerância religiosa, mas não há qualquer sinal de autoria do crime.

Túmulo de Chico Xavier (Foto: Eurípedes Higino/Arquivo Pessoal)

O corpo de Chico foi sepultado no cemitério São João Batista, em Uberaba, Minas Gerais. É uma catacumba simples, contendo um busto em bronze envolvido por uma caixa de vidro. O mesmo já foi alvo de outros atentados. Em 2015, vândalos também tentaram romper essa mesma proteção vítrea (veja aqui).

O cemitério não possui câmeras de monitoração de segurança e conta apenas com dois vigilantes noturnos. O diretor do departamento de cemitérios em Uberaba, Carlindo Ferreira, afirmou que a própria direção se ofereceu para trocar o vidro vandalizado. "A manutenção de túmulos não é obrigação da Prefeitura, é da família. Mas em consideração a tudo que Chico Xavier representa para Uberaba, a direção do cemitério vai providenciar a troca do vidro que protege o busto do médium, mas isso só pode ser feito assim que o filho dele liberar a chave. Aquilo que foi danificado, na próxima segunda-feira (2 de outubro) vai ser reposto".

Eurípedes Higino, filho adotivo de Chico Xavier, (Foto: Reprodução/TV Integração)

Sobre registrar boletim de ocorrência denunciando o ato, o filho adotivo do médium, Eurípedes Higino, disse que preferiu não acionar a Polícia Militar. "Não adianta. Da outra vez aconteceu a mesma coisa e não resolveram nada. A sujeira em volta do túmulo também é triste de ver. A melhor coisa por agora foi pedir voz à imprensa", acrescentou.

Já sobre a declaração de Eurípedes Higino em relação o não acionamento da Polícia Militar, o comandante da 67º Batalhão da Polícia Militar (6ºBPM) de Uberaba  área responsável pelo policiamento na região do Cemitério São João Batista  o tenente-coronel Waldemir José de Freitas se posicionou sobre o assunto: "Todos os fatos de algum delito que requer alguma intervenção de segurança pública imediata, com o acionamento da polícia, nós vamos até o local, fazemos o registro da ocorrência. Agora, a frequência disso, em até especial nesta situação, é caso de investigação da polícia judiciária. Ele não queixou de falta de segurança, ele questionou o fato de não ter sido dado sequência a uma ação anterior. Até porque a segurança de cemitério é de competência do Município", justificou o policial.


Interpretando o atentado

É claro que Chico Xavier não está ali, e tampouco seu Espírito —  cuja nobreza ficou evidenciada por sua biografia rica em caridade — sente fisicamente os golpes desferidos contra o túmulo de seus despojos carnais. Desta maneira, devemos ponderar com racionalidade sobre a real importância de um túmulo.

Para a lei civil esse tipo e vandalismo é um crime em função da consideração legal que se tem ao cadáver. Na frieza jurídica, os restos mortais de uma pessoa é o próprio indivíduo — mesmo depois do seu falecimento. E embora os estragos não tenham alcançado diretamente os despojos físicos de Chico Xavier, houve uma violação à sua, digamos, morada (porque, pela lei, ali jaz o cidadão Chico Xavier). No mínimo, está configurado um dano patrimonial, que é passível de ser cobrado criminalmente.

Melhor do que qualquer um, nós espíritas temos como saber que não há mais nada ali do nosso querido irmão e confrade. Contudo, seu túmulo, como o de qualquer falecido, é um monumento, um sinal respeitável de sua vida e obra. Uma visita que se faça a tal monumento não é exatamente uma visita à pessoa, materialmente falando, mas um programa turístico histórico válido, como quando se visita qualquer outro local histórico ligado à referida biografia. Não se está, com isso, "visitando um defunto", mas seguindo rastros históricos de uma personalidade que nos é cara, assim como se visita o túmulo de Allan Kardec (aliás, uma visita muito interessante já pela sua arquitetura: um dólmen no estilo druida), assim como se visita o ponto do Central Park em Nova Iorque onde John Lennon foi assassinado, como se visita as câmaras de Auschwitz usadas pelos nazistas, como se visita a gruta de Fátima onde supostamente se deu a aparição de Maria, etc. Esse tipo de visitação é, sem dúvida, muito válido, porque ajuda, inclusive, a preserva a memória dos feitos pessoais e eventos históricos.

Se foi um vandalismo do tipo qualificado como intolerância religiosa, é de se lamentar ainda mais, pois essa motivação reflete uma distorção de caráter e de comportamento doutrinário. Independentemente disso, cumpre-nos um papel sincero de compreensão e caridade para com esses ativistas da violência, sob qualquer que seja o pretexto, sem absolutamente lhes devolver qualquer sentimento negativo.

Vibremos por uma conscientização geral e, em especial, lancemos nossas preces para a promoção de um espírito de paz e não violência.

2 comentários:

  1. Até quando irão ganhar dinheiro com o cadáver do Chico?
    Esse "monumento" nem deveria existir. Duvido muito da origem desse "atentado".

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  2. Que eu bem saiba, não se cobra dinheiro para entrar em cemitérios. Se há alguém insatisfeito em que o túmulo, repositório de restos mortais de uma personalidade espírita que ali não está mais, mas cujo monumento é em respeito a um ícone do espiritismo, esteja ai, este alguém teria que ter a nossa pena, pois é notadamente um espírito sem luz, que merece a nossa misericórdia por ser assim tão intolerante e necessita de muitas orações para que saiba compreender e tolerante ser.

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